Augusto Macicame, VSO Program Officer, interviewed after attending a Positivo Workshop

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What did you think of the workshop ?

I found it interesting the simple fact that the students produced lyrics by themselves and spontaneously. It was not sitting down and forcing oneself to create. Everything came from the heart. Eventually, they were positively vibrating because of what they had produced as a team. This team spirit also increased their understanding of HIV-AIDS message.

What do you think of that message ?

Starting the song, students call their parents and want to talk. It is true that people don’t talk much in our society, especially parents. But the students also showed they are ready to make the first step. If my dad does not know about this matter, I must tell him : ‘this is a normal matter, let us discuss it together.’

Do you think Positivo should work on that theme again ?

This theme is extremely relevant. You are talking about children and parents opening up to each other. Mozambican cultures and traditions are conservative on this matter. In the mini-theater at the end of the song, a dad says ‘hey, I appreciate this work, come back next time’. It won’t be easy to meet this reaction in the real life. We had a similar experience with an adult colleague. After a workshop, I told him ‘hey, now you have to go home and talk with your daughter’. But he answered ‘no, I can’t talk about sex with my children.’ This is a real problem we have to deal with nowadays.

How can music help in this case ?

I am a dad too. If I’m listening to this music knowing it was made by children, I will seriously think of talking about it with my own children. You brought here a new instrument that will help people think different.
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Have you ever seen similar projects ?

FDC already promoted a concert with students, but the lyrics were only produced by one person, while you brought students together and the group eventually made the important decisions. Team spirit is a way to fight HIV-AIDS. Each pupil brought his own lyrics, the final composition mixes all of them and they all agreed with this method. This will be replicated in other schools, the students themselves will replicate it in their communities. I liked the idea of distributing instrumental music for the children to practice at home and give shows in their areas, creating new lyrics and opportunities for others to participate in this kind of event. Distributing CDs to students is not only stimulation, but also a way to say ‘hey, repeat it with your colleagues, friends, family, spread the message as far as you can’. I am sure the students have already started multiplying the Cds. They will make copies and show the music to their friends : ‘Listen, I did this’. This will help a lot spreading the message.

Have you seen any difficulty or problem during the workshop ?

If there is a problem, the students will tell you. You can bring the group together and ask them what did not work, learning from them. Some pupil might be frustrated because he thinks his lyrics should be more present in the song, but at the end the whole group made the main decisions, and even children from outside were invited to record the chorus. As an external participant attending a Positivo workshop for the first time, I found it amazing that all of them were so happy to write lyrics. When you were saying ‘throw this away’, they would throw it away and write something else. This was very positive.

How do you think Positivo should develop in the future ?

I think you should go on with your original plan. It is impossible to visit all the schools in the country. You should focus on a first area and learn from this experience. When we run in many directions, we often lose efficiency and sustainability. You should designate a geografical area, work and analyse the results, before replicating them in other places.

Which ones are Positivo’s potential partners ?

Many donors are interested in financing activities linked to HIV-AIDS, especially in education. Local medias should also have more flexibility than national televisions. Starting in the districts, local radios and TVs will like the idea.

What is your last advice to Positivo ?

Each time you visit a school, make the students Positivo members. They will feel motivated in running activities inside Positivo. On the next workshop, for instance, you could bring one student from a former workshop to help you. You are already 100% positivos. Students should participate actively in your activities and also feel 100% positivos.

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Original version in portuguese :

O que achou do workshop ?

Achei interessante o simples facto de terem sido os proprios estudantes a prepararem cada letra, e pude ver uma spontaneidade. Nao é so sentar para tentar imaginar e inventar. Aquilo veio mesmo do fundo do coraçao, os estudantes nao tiveram que esforçar. No fim estavam a vibrar por aquilo que tinham criado. O hâbito é um estudante criar uma letra e gravar sozinho. Mas aquele espirito de grupo, que criaram no domingo, fez com que os estudantes entenderam mais claramente a mensagem sobre HIV-SIDA.

E o que achou da mensagem ?

Na primeira parte da musica, os estudantes chamam os pais a abrirem-se e conversarem. De verdade as pessoas nao falam muito nossa sociedade, sobretudo os pais. Tambem os proprios estudantes mostraram nas letras que estao prontos a tomarem iniciativas. Se o meu pai nao conhece o assunto, tenho que dizer ao meu pai : ‘é um assunto normal, vamos conversar.’

Acha que Positivo pode investigar mais esse tema ?

Este assunto é extremamente relevante. Falaram de abertura por parte dos proprios estudantes e por parte dos pais. Culturas e tradiçoes Moçambicanas sao bastante conservadores neste assunto. Naquele mini-teatro que fizeram, o pai diz ‘olha, eu gostei, venha mais vezes’. Acho que nao ha de ser facil encontrarem esse tipo de reacçao na realidade. Ja tivemos uma experiencia similar com um collega adulto. No fim de um workshop, eu disse a ele ‘olha, tens que voltar para casa e falar com a tua filha’. Mas ele respondeu : ‘nao, eu nao sou capaz de falar desse assunto que envolve o sexo com os meus filhos’. Entao de facto é um problema que precisa ser tomado em consideraçao.

Como pode ajudar a musica neste caso ?

Eu sou pai tambem. Se ouvir essa musica sabendo que um grupo de meninos fez aquilo, logo fico a pensar a falar seriamente desse assunto com os meus proprios filhos. Voces trouxeram mais um instrumento que vai ajudar as pessoas a pensar numa forma diferente.

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Ja viu outros projectos desse tipo ?

A FDC ja promoviu um concerto com estudantes e pessoas singulares, mas a letra era produzida por uma pessoa so. Ao contrario, voces trouxeram estudantes em grupo, e no fim o proprio grupo decidiu. O espirito de grupo é uma forma de combater o HIV-SIDA. Cada aluno teve a sua propria letra, e a composiçao final foi uma mixtura de todas as letras, 30 alunos concordando com essa metodologia. Isso vai ser replicado em outras escolas e os proprios estudantes vao replicar tambem nas suas comunidades. Gostei da ideia de distribuir musica instrumental para os estudantes poderem atuar na sua comunidade, inventarem mais letras e criarem oportunidades para outros participarem nesse tipo de evento. Distribuir discos aos participantes nao é so estimular a pessoa, mas tambem uma forma de dizer ‘olha, va fazer com os teus colegas, na tua comunidade, com os amigos, na familia, a vontade, espalhe a mensagem’. Acredito que ja começaram a multiplicar os discos. Vao fazer copias com entousiasmo e mostrar aos amigos : ‘olha, eu produzi isso’. Vai ajudar bastante a fazer chegar a mensagem

Viu algum problema ou dificuldade no workshop ?

Se houve alguma dificuldade, os estudantes mesmo podiam expressa-la. Voces devem trazer o grupo junto e procurar saber o que é que eles acham que correu bem ou mal, depois tirar lissoes para a proxima vez. Um estudante pode ficar a pensar que 10 ou 40 palavras dele deviam ter entrado na letra final, depois sai dali talvez um pouco chateado, mas no fim os estudantes mesmos chegaram a um consenso, o facto de terem trazido pessoas de fora para gravar o coro ajudando tambem. Eu, como participante exterior, assisti pela primeira vez e achei splendido ver todos eles felizes a fazerem letras. Quando voces diziam ‘olha, vai rasgar isso’, rasgavam e faziam outra coisa. Era muito positivo.

Como acha que Positivo deve desinvolver no futuro ?

Acho que deveriam continuar com aquele plano que ja começaram. Por causa de recursos, é impossivel visitar todas as escolas do pais. Seria bom concentrar numa primeira zona e tirar lissoes disso. Muitas vezes corremos para todos os lados e a situaçao quase nao muda, a gente fuge e aquilo que deixamos fica, enferrugea e disaparece. Seria bom definir uma area geografica clara, trabalhar, ver quais sao os resultados e depois fazer a replica desses resultados noutros sitios.

Quais sao os parceiros potenciais dos Positivos ?

Muitos doadores sao interessados a financiarem actividades relacionadas com HIV-SIDA, sobretudo ao nivel do sistema de educaçao. Seria bom pensar tambem aos medias comunautarios, porque nos medias estatais existe muito formalismo. Se voces começarem nos distritos, aos poucos o pessoal das radios e televisoes comunautarias vao abraçar a ideia. E preciso saberem quais sao as televisoes mais flexiveis e começarem por ai.

Ultima pergunta : qual sera o vosso conselho aos Positivos ?

Cada vez que voces vao para uma escola, façam com que os estudantes sejam membros dos Positivos. Precisam desinvolver um plano para todos eles sentirem-se motivados a fazer actividades dentro de Positivo. Na proxima escola por exemplo podem levar um ou outro membro das escolas por onde voces ja passaram. Voces ja sao 100% positivos. E bom fazer o que é possivel dentro da organizaçao para que os estudantes membros participem cada vez mais e de forma activa nas vossas actividades, e no final sentem-se tambem 100% positivos.

1 Response to “Augusto Macicame, VSO Program Officer, interviewed after attending a Positivo Workshop”


  1. 1 Roland Pickl

    Thanks Pierre, you did great work on this one….let´s go on…seems to be the right way

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